Acupuntura e Nutrição

Luíza Freitas Velho, formada em Nutrição pela Universidade Paulista de Brasília (UNIP)2004. Formada em Acupuntura pela Escola Nacional de Acupuntura (ENAc) 2010. Especializada em Acupuntura Chinesa e Estética.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A Forma dos alimentos


A forma dos alimentos
Na Medicina Tradicional Chinesa a forma dos alimentos sempre foi considerada
uma fonte fidedigna de informações sobre suas características e suas ações no
organismo, assim como o sabor e a cor.
Abaixo temos uma lista de alimentos e suas correspondências com os órgãos e vísceras:
Na MTC, a batata-doce é considerada um grande alimento para favorecer as funções do Baço/Pâncreas e manter as funções digestivas em ordem. Olhando de perto, suas semelhanças com o nosso pâncreas são evidentes.
Uma Cenoura cortada parece-se com o olho humano. A pupila, a íris e as linhas radiantes são idênticas ao olho humano. Na MTC, as cenouras são consideradas fonte de nutrição do aspecto Yin do Fígado, ou seja do sangue e da constituição física do Fígado.
Um tomate tem quatro câmaras e é vermelho. O coração é vermelho e tem quatro câmaras. Na MTC, os tomates são grandes amigos do Coração e trazem tranquilidade para o Shen (energia celestial armazenada no Coração).
As uvas pendem de um cacho que tem a forma do coração. Além do mais, cada uva lembra uma célula sanguínea. Na MTC, as uvas,principalmente as vermelhas, têm grande afinidade pelo Coração e também são usadas para nutrir seu aspecto Yin.
Uma noz é parecida com um pequeno cérebro, um hemisfério esquerdo e direito. Mesmo as circunvoluções sobre as nozes são parecidas com o neo-córtex. Na MTC, as nozes são essenciais para nutrir o Mar da Medula e o Rim (Shen).

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Todo ano, verão; toda pessoa, coração

Aí é verão e o sol brilha lá fora, enquanto por dentro brilha o
coração. Sol irradiando luz e calor para animais e plantas, coração
irradiando sentimentos amorosos e produzindo alegria.

Na vida real as coisas são simples assim: passa um
desconhecido, sorri, a gente sorri de volta. A simpatia flui, e por que
não? É nesse encontro do olhar que se percebe o primeiro sinal de
calor humano. Daí para o resto, é só deixar.

O coração vem à boca, a gente fala de coração, escuta com o
coração, sente bater mais forte, sente parar um instante, fica de
coração leve ou de coração na mão, às vezes ele parece apertado.

Saber de cor é guardar no coração. Sua expressão é cordial, sinônimo
de afável, amável, sincera. Na filosofia chinesa o coração representa a energia de Fogo,
soberana, que não tem forma definida mas é inexcedível em
luminosidade. Governa a clareza do que se diz e do que se escuta, e
se o discurso é incoerente ou os sons parecem misturados é porque
essa energia está em desequilíbrio. Frieza com as pessoas, aridez
emocional, comunicação difícil, má circulação, extremidades frias,
sensações despropositadas de frio e calor, varizes, hemorróidas,
dificuldade de se posicionar diante do mundo e das pessoas, emoções
e pensamentos confusos, incapacidade de concluir o que foi iniciado,
desejos fortíssimos que atropelam os outros, descaso pelos
sentimentos próprios ou alheios: problemas no amplo território do
coração.

Seu sabor primordial é o amargo. Café, chimarrão, chá,
misturas digestivas, infusão de casca de limão, extrato de amêndoas
e de jurubeba, jiló, couve, chicória, rúcula, serralha, catalona, raditi,
escarola – a sabedoria se mostra no cardápio.

E o chocolate vem junto, sabor amargo disfarçado com açúcar e leite.
Dizem até que um chocolate substitui com vantagens o
encontro amoroso, mas não acredite. Coração que se preza gosta
mesmo é de outro batendo junto.

Excesso de prazeres e alegrias, luto e mágoas exagerados,
hiperexcitação, amargura, gargalhadas freqüentes e lamentações
esgotam a energia do coração. O ideal é a serenidade amorosa, que
se consegue com uma atitude de contentamento diante da vida.

Diz o livro do Imperador Amarelo que no verão, apogeu de
Fogo, "as pessoas não devem se cansar durante o dia nem consentir
que seu espírito se irrite. Devem permitir que se desenvolvam as
melhores partes de seu corpo e de seu espírito; devem permitir que
seu hálito se comunique com o mundo exterior e proceder como se
amassem tudo o que existe exteriormente."

Outro sábio, o Don Juan de Carlos Castañeda, fala assim dos
caminhos da vida: "Olhe cada caminho com cuidado e atenção.
Tente-o quantas vezes julgar necessário. Então, faça apenas a si
mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso
afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, ele não tem a menor
importância."

Atravessada por uma mistura opressiva de ciência, informação,
industrialização e tecnologia, a vida hoje obedece a regras e rituais
que desconsideram completamente a paz interior.

Sentir o coração batendo é uma forma de estar em contato com
a nossa natureza mais íntima e ao mesmo tempo com o espírito
divino que o coração representa.
É uma batida de cada vez. Harmoniosamente ele se contrai e se
dilata, bombeando assim o sangue que renova cada célula do imenso
continente pessoal. Pousando a mão suavemente no peito é possível
fechar os olhos, parar o mundo, entrar em harmonia com a pulsação
do universo e acalmar o pensamento.

Em chinês, coração e mente são a mesma palavra;
pensamentos são movimentos do coração. Por isso, aqui agora, nada
supera a importância da calma. Diz o I Ching: "Todo pensamento que
transcende o momento faz sofrer o coração."

Sônia Hirsh

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Carta pela Regulamentação da Acupuntura Autônoma e Independente



Para dar início ao meu blog e a minha atuação na Internet começo com uma carta aberta do meu professor Pedro Ivo. Aqui vocês sempre poderão ver, saber e conhecer um pouco mais sobre as minhas práticas profissionais.

Luiza.


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Pedro Ivo - Pedro Ivo é professor da Escola Nacional de Acupuntura - ENAc

Considerando que a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é uma ciência milenar documentada em extensa literatura, há mais de 2.000 anos, e que sua eficácia como sistema terapêutico independente e auto-suficiente se mantém ao longo desses milênios e segue cada vez mais viva e atual, justamente por seu caráter atemporal;

Considerando que seu Sistema de Padrões e Correspondências entre os seres humanos e as forças da natureza e sua visão da continuidade entre corpo, mente e espírito como uma única, e indissociável, entidade integrada, continuam encantando a população em geral independentemente, ou apesar, das comprovações científicas parciais (às vezes tendenciosas) e pautadas em paradigmas já ultrapassados;

Considerando que a MTC é um Sistema Terapêutico completo que contempla o Ser Humano em sua integralidade e conta com uma gama de recursos terapêuticos que auxiliam os indivíduos em seu equilíbrio dinâmico e ativam o potencial de cada um de se auto-regular, podendo ser considerada, portanto, um Saber Tradicional com uma racionalidade própria e com grande potencial para satisfazer as necessidades do Estado de lançar-mão de práticas preventivas reais e de baixo custo, que visem mais amplamente a saúde e não somente a doença;

Considerando que as práticas da MTC – a Acupuntura, o Tui Na (Massoterapia Chinesa), a moxabustão, as práticas meditativas corporais (Tai Chi Chuan, Chi Kung e Lian Kung), a Fitoterapia (na farmacopéia chinesa), a Alimentação Terapêutica Chinesa, o Feng Shui, etc – estão todas apoiadas em uma racionalidade própria que tem como base o pensamento taoísta;Considerando que o taoísmo se aproxima da visão transdisciplinar por não conceber as esferas do saber de maneira isolada e por não separar arte, filosofia, ciência e religião ou, dito de outro modo, como o explicitado no artigo 5 da Carta citada anteriormente, “a visão transdisciplinar está resolutamente aberta na medida em que ela ultrapassa o domínio das ciências exatas por seu diálogo e sua reconciliação não somente com as ciências humanas mas também com a arte, a literatura, a poesia e a experiência espiritual”;

Considerando que o pensamento taoísta e a consolidação do Saber da MTC (Acupuntura) no ocidente estão em comunhão com o Saber Complexo que, segundo Edgar Morin, “requer um pensamento que capte relações, interrelações, implicações mútuas, fenômenos multidimensionais, realidades que são simultaneamente solidárias e conflitivas, que respeite a diversidade, ao mesmo tempo que a unidade, um pensamento organizador que conceba a relação recíproca entre todas as partes”;

Considerando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a adoção, por parte de seus países membros, da MTC (Acupuntura) como prática independente em seus serviços públicos de saúde e criou diretrizes para a capacitação plena de Acupunturistas autônomos;Considerando que tramitam no Congresso Nacional dois grandes Projetos de Lei que regulamentam a prática da Acupuntura como profissão autônoma e em Nível Superior, em especial o PLS 00480/2003 da Senadora Fátima Cleide, seriamente relatado pelo Senador Flávio Arns e o PL 1549/2003 do deputado federal Celso Russomanno;

Considerando que desde 1981 existem cursos técnicos de formação profissional em Acupuntura reconhecidos pelo MEC, que não guardam nenhuma relação de subordinação com nenhuma outra profissão da saúde, sendo pautados em modelos acadêmicos de ensino e que somente alguns anos depois foi reconhecida a “especialidade” em Acupuntura pelos Fisioterapeutas e, somente em 1995, pelo coletivo Médico;

Considerando que nenhum dos cursos universitários da área de saúde hoje existentes no país contempla, em suas disciplinas de base, nem mesmo os fundamentos mais elementares da MTC, sendo algumas vezes orientados por princípios diametralmente opostos;

Considerando que grande parte dos profissionais da área de saúde que hoje lutam pela exclusividade da Acupuntura como “especialidade” obtiveram seus conhecimentos a partir de Acupunturistas Tradicionais, não médicos e na maioria das vezes também sem nenhum outro bacharelado da saúde ocidental;

Considerando que os Conselhos da área de saúde, que hoje reclamam a Acupuntura como especialidade, poucos anos atrás negavam, veementemente, sua eficácia e taxavam seus praticantes de curandeiros e charlatões;

Considerando ainda que a formatação da Acupuntura Científica parece mais se adequar a uma necessidade ou “Vontade de Verdade” (nas palavras de Michel Foucault) da Ciência Oficial do que de uma livre busca científica, onde a própria Ciência Oficial se coloca no papel de juiz das outras Ciências e promove uma racionalização que, nas palavras de Edgar Morin, “[...] consiste em querer encerrar a realidade num sistema coerente. E tudo o que, na realidade, contradiz este sistema coerente é desviado, esquecido, posto de lado, visto como ilusão ou aparência”;

Considerando também que o artigo primeiro da Carta supracitada proclama que “qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma mera definição e de dissolvê-lo nas estruturas formais, sejam elas quais forem, é incompatível com a visão transdisciplinar”;

Considerando tudo o que precede, venho propor a união de todos os que compartilham este Espírito Transdisciplinar em prol da consolidação da Medicina Tradicional Chinesa, sendo a Acupuntura sua ferramenta mais difundida, como um Sistema Único e devidamente regulamentado, livre das pressões corporativas e mercadológicas e em comunhão com toda a tendência mundial de expansão das práticas e dos Saberes Tradicionais e Naturais de forma independente e autônoma.

A presente carta tem como inspiração maior a célebre
Carta da Transdisciplinaridade, redigida em 1994 por
Basarab Nicolescu (Físico romeno), Edgar Morin
(Sociólogo e Pensador francês) e Lima de Freitas
(Artista e escritor português).