Acupuntura e Nutrição

Luíza Freitas Velho, formada em Nutrição pela Universidade Paulista de Brasília (UNIP)2004. Formada em Acupuntura pela Escola Nacional de Acupuntura (ENAc) 2010. Especializada em Acupuntura Chinesa e Estética.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Todo ano, verão; toda pessoa, coração

Aí é verão e o sol brilha lá fora, enquanto por dentro brilha o
coração. Sol irradiando luz e calor para animais e plantas, coração
irradiando sentimentos amorosos e produzindo alegria.

Na vida real as coisas são simples assim: passa um
desconhecido, sorri, a gente sorri de volta. A simpatia flui, e por que
não? É nesse encontro do olhar que se percebe o primeiro sinal de
calor humano. Daí para o resto, é só deixar.

O coração vem à boca, a gente fala de coração, escuta com o
coração, sente bater mais forte, sente parar um instante, fica de
coração leve ou de coração na mão, às vezes ele parece apertado.

Saber de cor é guardar no coração. Sua expressão é cordial, sinônimo
de afável, amável, sincera. Na filosofia chinesa o coração representa a energia de Fogo,
soberana, que não tem forma definida mas é inexcedível em
luminosidade. Governa a clareza do que se diz e do que se escuta, e
se o discurso é incoerente ou os sons parecem misturados é porque
essa energia está em desequilíbrio. Frieza com as pessoas, aridez
emocional, comunicação difícil, má circulação, extremidades frias,
sensações despropositadas de frio e calor, varizes, hemorróidas,
dificuldade de se posicionar diante do mundo e das pessoas, emoções
e pensamentos confusos, incapacidade de concluir o que foi iniciado,
desejos fortíssimos que atropelam os outros, descaso pelos
sentimentos próprios ou alheios: problemas no amplo território do
coração.

Seu sabor primordial é o amargo. Café, chimarrão, chá,
misturas digestivas, infusão de casca de limão, extrato de amêndoas
e de jurubeba, jiló, couve, chicória, rúcula, serralha, catalona, raditi,
escarola – a sabedoria se mostra no cardápio.

E o chocolate vem junto, sabor amargo disfarçado com açúcar e leite.
Dizem até que um chocolate substitui com vantagens o
encontro amoroso, mas não acredite. Coração que se preza gosta
mesmo é de outro batendo junto.

Excesso de prazeres e alegrias, luto e mágoas exagerados,
hiperexcitação, amargura, gargalhadas freqüentes e lamentações
esgotam a energia do coração. O ideal é a serenidade amorosa, que
se consegue com uma atitude de contentamento diante da vida.

Diz o livro do Imperador Amarelo que no verão, apogeu de
Fogo, "as pessoas não devem se cansar durante o dia nem consentir
que seu espírito se irrite. Devem permitir que se desenvolvam as
melhores partes de seu corpo e de seu espírito; devem permitir que
seu hálito se comunique com o mundo exterior e proceder como se
amassem tudo o que existe exteriormente."

Outro sábio, o Don Juan de Carlos Castañeda, fala assim dos
caminhos da vida: "Olhe cada caminho com cuidado e atenção.
Tente-o quantas vezes julgar necessário. Então, faça apenas a si
mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso
afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, ele não tem a menor
importância."

Atravessada por uma mistura opressiva de ciência, informação,
industrialização e tecnologia, a vida hoje obedece a regras e rituais
que desconsideram completamente a paz interior.

Sentir o coração batendo é uma forma de estar em contato com
a nossa natureza mais íntima e ao mesmo tempo com o espírito
divino que o coração representa.
É uma batida de cada vez. Harmoniosamente ele se contrai e se
dilata, bombeando assim o sangue que renova cada célula do imenso
continente pessoal. Pousando a mão suavemente no peito é possível
fechar os olhos, parar o mundo, entrar em harmonia com a pulsação
do universo e acalmar o pensamento.

Em chinês, coração e mente são a mesma palavra;
pensamentos são movimentos do coração. Por isso, aqui agora, nada
supera a importância da calma. Diz o I Ching: "Todo pensamento que
transcende o momento faz sofrer o coração."

Sônia Hirsh